Neste projeto assinado pelas arquitetas Natália de Souza e Jociane Mendes, o morador pediu que esse studio de 35m² fosse desenvolvido por inteiro, dos revestimentos ao mobiliário, ando pela decoração e o enxoval | Projeto: ResiliArt Arquitetura | Foto: Kelly Queiroz
Tipo de moradia em franca expansão no mercado imobiliário, a arquiteta Natália de Souza aborda a diferença entre studio e apartamento e fala sobre como realiza projetos
Os imóveis pequenos são uma realidade no mercado imobiliário e os números comprovam a afirmação: de acordo com SECOVI SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda e istração de Imóveis), em 2024 o volume de unidades residenciais, com até 45 m², cresceu 57%, universo que representa mais de 80% do montante de lançamentos realizados em São Paulo no ano inteiro. E mês a mês esse cenário segue em franca expansão por vários motivos.
“As mudanças no estilo de vida e o estabelecimento de outras questões são prioritárias preponderantes para esse crescimento”, afirma Natália de Souza, arquiteta e diretora da ResiliArt Arquitetura. Para ela, o aumento de pessoas que moram sozinhas ou de casais sem filhos e a praticidade de viver em localidades estratégicas justificam a opção por moradas pequenas que são classificadas em studios ou apartamentos.
Arquitetonicamente falando, a diferença entre esses perfis de imóveis está na distribuição do layout. Enquanto o apartamento apresenta as tradições divisões entre dormitórios, cozinha e sala, o studio é totalmente integrado, com exceção do banheiro. “Geralmente o studio é mais vantajoso financeiramente e com uma planta mais otimizada”, explica.
E por receber toda a morada em um mesmo espaço, torna-se uma premissa que o morador mantenha o local sempre limpo e organizado para o seu bem-estar. “Cheiros de comida e bagunça visual, por exemplo, podem atrapalhar até na hora de dormir“, diz. Por isso, viver em um studio exige planejamento, organização e, principalmente, adaptação.
Minimalismo como estilo de vida Neste studio de 43m² realizado pelo escritório ResiliArt Arquitetura, a arquiteta Gabrielle Ravanelli, que integra a equipe, desenvolveu o projeto para um goiano que a períodos em São Paulo a negócios. Para a fluidez entre os ambientes, uma marcenaria bem planejada e artifícios como a TV com e fixado no teto | Foto: Kelly Queiroz
A redução de espaço físico exige uma mudança de mentalidade. “É praticamente indispensável ter um estilo de vida mais minimalista para viver em um studio”, afirma a arquiteta Gabrielle Ravanelli, que faz parte do escritório ResiliArt Arquitetura. Isso significa ter apenas o necessário, tanto para facilitar a rotina, quanto para evitar distrações e ansiedade provocadas por ambientes carregados, buscando sempre ampliar a morada sem, de fato, preenchê-la completamente.
A marcenaria entra como aliada com a produção de móveis multifuncionais como sofá-cama e mesas retráteis, junto com a serralheria que entrega adaptações com a TV pendurada no teto. “É preciso encontrar um equilíbrio entre aproveitar o máximo possível, mas sem exagerar na quantidade de móveis. Caso contrário, o apartamento perde funcionalidade”, destaca.
Armazenamento e funcionalidade Nesse studio com apenas 27m², a arquiteta Natália de Souza aproveitou o espaço da varanda para entregar um armário complementar. Para sua viabilidade, a sacada conta com fechamento de vidro e persiana | Projeto: ResiliArt Arquitetura | Foto: Kelly Queiroz
Em studios, soluções inteligentes de armazenamento fazem toda a diferença. Armários superiores com profundidade de, no máximo 35 cm, e instalados a partir de 90 cm do chão, criam leveza visual e evitam a sensação de sufocamento. Abaixo dessa referência, o ideal é trabalhar com 60 cm de profundidade. “A escolha dos armários e móveis precisa respeitar a rotina da pessoa. Sempre avaliamos os hábitos como o fato de trabalhar no imóvel, cozinhar ou a pretensão de ar mais ou menos tempo nele. Essas questões impactam diferentemente no projeto”, ressalta Natália.
Na disposição desse studio, a cozinha, com sua bancada ilha para refeições rápidas foi remodelada para oferecer duas possibilidades de o. Para entregar privacidade ao dormitório, a arquiteta Jociane Mendes incluiu uma divisória que resguarda a entrada do banheiro | Projeto: ResiliArt Arquitetura | Foto: Kelly Queiroz
Na cozinha, a arquiteta lista que o básico é dispor de gaveteiros organizadores, as específicas para cooktop de indução, cafeteira, air fryer, chaleira elétrica, lixeira com tampa e utensílios organizados por nichos.
“as e restos de comida não podem ficar sobre a bancada, que pode ser aberta para os lados permitindo mais possibilidades. Isso interfere diretamente na qualidade de vida no studio”, alerta Jociane.
Como ampliar e personalizar Com vista para a Catedral Ortodoxa Antioquina de São Paulo, neste studio de 21m² aarquiteta Natália de Souza aposta na luz natural que adentra o fechamento de vidro na varanda |Projeto: ResiliArt Arquitetura | Foto: Kelly Queiroz
Apesar da área limitada, é totalmente possível imprimir personalidade na decoração de um studio. O segredo está na harmonia e no uso estratégico de cores neutras, texturas naturais e iluminação bem planejada. “Espelhos em locais pontuais, poucos objetos decorativos e quadros cooperam no intuito de promover amplitude visual. Um bom projeto é indispensável para deixar o imóvel aconchegante”, diz Natália.
Graças a marcenaria, neste projeto de 27m² os eletrodomésticos contam com espaço certo na cozinha. Ao ladoda geladeira, uma estrutura 3 em 1 com o espaço da TV, mesa de jantar e espaço para o home office | Projeto: ResiliArt Arquitetura | Foto: Kelly Queiroz
Ela também recomenda o uso de organizadores tais como cestos, nichos e gavetas divisórias – soluções comuns indicadas por personal organizers –, para evitar que itens fiquem espalhados ou acumulem sujeira.
Studios: para morar x para alugar Para alugar, quanto menos, melhor. Neste projeto, a arquiteta Jociane Mendes considerou uma cozinha minimalista com um frigobar e armários inferiores e aéreos | Projeto:ResiliArt Arquitetura | Foto: Kelly Queiroz
A concepção muda de acordo com o objetivo do proprietário. Para moradia fixa, o escritório ResiliArt Arquitetura, com grande experiência em projetos de studios, prevê mais áreas de armazenamento, eletrodomésticos maiores (como geladeira) e outras ideias voltadas para o dia a dia do morador. Já para aluguel de curto prazo, conhecido como short stay, não se faz tão relevante um amplo volume de armários e o frigobar resolve bem. “São planejamentos completamente diferentes.”, explica Jociane.
Vantagens e desafios Nesse studio, a bicama de casal otimiza a possibilidade de acomodar maisum hóspede | Projeto: ResiliArt Arquitetura | Foto: Kelly Queiroz
Entre os pontos positivos de morar em um studio estão o custo mais ível, a praticidade e a localização privilegiada. “Geralmente, os studios estão em áreas centrais, com o fácil ao transporte público. Para quem mora sozinho, isso é uma excelente escolha”, afirma Natália.
Por outro lado, os principais desafios envolvem a falta de privacidade — já que todos os ambientes estão integrados —, a área reduzida para organização e a demanda por manter a organização em dia. “A pessoa precisa estar disposta a mudar práticas, pois um studio exige disciplina, principalmente com relação à limpeza e à quantidade de objetos que se possui”, conclui a arquiteta.
Sobre ResiliArt Arquitetura Uma equipe de arquitetos que contempla a integração entre o espaço e o indivíduo. Por meio de soluções customizadas, desenvolvem projetos a partir do diálogo e da tradução das aspirações dos clientes. Dessa maneira, exploram opções de layout que se materializam em ambientes atemporais, ao combinar tendências, personalidade e tecnologia. Os projetos podem ser concebidos e conduzidos do início ao fim pela equipe de arquitetos, desde a obra até o enxoval, com a missão de garantir comodidade, eficiência e confiança aos clientes.