Introdução
O beisebol é um esporte centenário e extremamente popular em países como Estados Unidos, Japão, Cuba e República Dominicana, mas, no Brasil, ainda ocupa um espaço modesto no cenário esportivo. Apesar de ter sido introduzido em solo brasileiro desde meados do século XIX e cultivado por comunidades de imigrantes, especialmente a japonesa, o beisebol não se profissionalizou no país e permanece majoritariamente amador. Nos últimos anos, entretanto, resultados esportivos expressivos, como a inédita medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de 2023, e o interesse de entidades internacionais sinalizam que o beisebol brasileiro pode estar à beira de uma transformação importante.
Este artigo tem por objetivo discutir como profissionalizar o beisebol no Brasil e quais seriam os ganhos econômicos, sociais, esportivos e culturais advindos dessa profissionalização. Inicialmente, apresenta-se o contexto atual do beisebol brasileiro e seus principais desafios. Em seguida, compara-se a situação brasileira com a de países onde o esporte é profissional e bem-sucedido, como Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Cuba, República Dominicana, Venezuela e México. Na sequência, evidenciam-se as vantagens que a profissionalização traria nesses diversos âmbitos. Por fim, apontam-se caminhos possíveis para desenvolver o beisebol profissional no Brasil, incluindo políticas públicas, parcerias privadas, formação de base, melhoria da infraestrutura e estratégias de comunicação, sempre fundamentados em dados oficiais, estatísticas e estudos já realizados.
O Beisebol no Brasil: Contexto Atual e Desafios
Histórico e panorama atual:
O beisebol chegou ao Brasil por volta de 1850, trazido por norte-americanos, e consolidou-se ao longo do século XX, principalmente em colônias de imigrantes japoneses nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso. Durante décadas, permaneceu a essas comunidades; no entanto, hoje a modalidade já atrai praticantes de fora da colônia nipônica. As seleções nacionais de base, por exemplo, são compostas quase pela metade por atletas sem ascendência japonesa, o que evidencia a quebra dessa barreira cultural (CBBS, 2023).
Ainda assim, o beisebol segue sendo um esporte de nicho no país. Estimativas da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS) indicam que, atualmente, cerca de 6.500 atletas estão federados, e o número total de praticantes (incluindo não federados) gira em torno de 25 a 30 mil pessoas. Existem aproximadamente 120 equipes distribuídas pelo território nacional, mas a infraestrutura dedicada ao esporte ainda é escassa, há registro de apenas dois estádios de porte significativo, um em Londrina (PR), com 5 mil lugares, e outro em São Paulo (SP), com capacidade para 2.500 espectadores (CBBS, 2023).
Para efeitos de comparação, o Japão possui cerca de 7 milhões de praticantes de beisebol e inúmeros estádios lotados regularmente, o que dá dimensão do longo caminho a ser percorrido no Brasil (Nippon Professional Baseball, 2022).
Resultados e potencial esportivo:
Mesmo com recursos limitados, o Brasil tem obtido alguns resultados notáveis no cenário internacional, demonstrando um potencial adormecido. A seleção brasileira masculina, por exemplo, conquistou, em 2023, sua primeira medalha em Jogos Pan-Americanos, prata em Santiago, após vencer potências tradicionais como Venezuela e Cuba durante a campanha. Foi a primeira participação do Brasil no beisebol pan-americano desde 2007, e a inédita medalha despertou atenção para a modalidade em pleno território dominado pelo futebol (Comitê Olímpico do Brasil, 2023).
O país também já teve momentos de destaque nas categorias de base, conquistou dois títulos mundiais amadores, um na categoria infantil (até 11 anos) e outro no juvenil (15 a 16 anos), este último sediado em Londrina, em 1993 (CBBS, 2023).
Além disso, alguns jogadores brasileiros vêm conseguindo espaço no beisebol profissional internacional. Cinco atletas do país já atuaram nas ligas principais da MLB (Major League Baseball): Yan Gomes, Paulo Orlando, André Rienzo, Luiz Gohara e Thyago Vieira. Atualmente, cerca de 15 brasileiros jogam nas ligas menores afiliadas a equipes da MLB. Essa presença, embora pequena em números absolutos, indica a existência de talento nacional competitivo, mesmo diante da ausência de uma liga profissional doméstica.
Inclusive, a própria MLB enxerga o Brasil como um “novo celeiro de talentos a ser explorado”, tendo retomado recentemente investimentos em programas de desenvolvimento de jogadores brasileiros. A reinauguração, em 2025, do Centro de Treinamento Yakult, em Ibiúna (SP), por meio de uma parceria entre a MLB e a CBBS, com a oferta de 50 bolsas integrais para jovens atletas treinarem em uma instalação de alto nível, é uma prova concreta desse interesse internacional em fomentar o beisebol local (MLB Brasil, 2025).
Principais desafios no cenário nacional: Apesar dos pontos positivos, os desafios para o crescimento e a profissionalização do beisebol no Brasil ainda são numerosos. Os obstáculos podem ser sintetizados nas seguintes dimensões:
- Financeira e institucional:
Falta investimento sistemático tanto por parte do poder público quanto da iniciativa privada. Até o momento, não há patrocínio governamental regular nem programas públicos robustos de apoio ao beisebol no Brasil. Conforme relata Kiyoshi Hiraoka, presidente da Federação Paulista de Beisebol, “patrocínio de órgãos oficiais do Estado ou da prefeitura, por enquanto, não tem”, sendo necessário recorrer a pedidos pontuais de ajuda à Secretaria de Esportes (Hiraoka, 2023).
A manutenção dos clubes e seleções depende, majoritariamente, de recursos próprios dos atletas e de contribuições de familiares. O chamado “paitrocínio”, apoio financeiro vindo dos pais dos jogadores, tornou-se comum para sustentar as categorias de base, arcando com despesas como transporte, alimentação, uniformes e equipamentos.
Nas equipes adultas, muitos atletas continuam custeando, do próprio bolso, a compra de materiais esportivos (bolas, luvas, tacos), quase todos importados e de alto custo. Essa realidade financeira precária dificulta significativamente a construção de uma estrutura profissional. Sem um campeonato nacional lucrativo ou patrocinadores fortes, não há recursos suficientes para remunerar jogadores e técnicos em tempo integral, gerando um círculo vicioso de amadorismo e estagnação da modalidade (CBBS, 2023; Souza, 2022).
- Infraestrutura e logística:
A carência de instalações adequadas é outro entrave significativo ao desenvolvimento do beisebol no Brasil. Campos oficiais são raros e concentrados em poucas regiões, sobretudo no estado de São Paulo. Muitos clubes utilizam campos privados pertencentes a colônias japonesas ou associações comunitárias, que nem sempre comportam a demanda de treinos de todas as categorias (CBBS, 2023).
Há apenas um campo público de relevância nacional: o Estádio Mie Nishi, localizado na capital paulista. No entanto, seu uso precisa ser revezado por diversas equipes, resultando em uma agenda lotada e limitando o tempo de prática de cada time (Prefeitura de São Paulo, 2022). A escassez de campos públicos levou, inclusive, a situações em que clubes amadores foram forçados a recusar novos interessados por não disporem de espaço físico para treiná-los.
Do ponto de vista da abrangência geográfica, o beisebol praticamente inexiste em muitos estados do país, concentrando-se majoritariamente no eixo Sul-Sudeste. O deslocamento de jogadores e comissões técnicas para competições nacionais torna-se dispendioso, dadas as grandes distâncias entre os poucos polos onde o esporte é praticado. Essas dificuldades de infraestrutura e logística impõem um alto custo a qualquer projeto de expansão ou profissionalização que envolva a criação de uma liga nacional regular com jogos itinerantes pelo país (Souza, 2022; CBBS, 2023).
- Cultural e midiático:
No imaginário popular brasileiro, o beisebol ainda é pouco conhecido ou lembrado. Diferentemente de esportes como o vôlei ou o basquete, que conquistaram espaço no cenário nacional e formaram torcidas locais, o beisebol não conseguiu penetrar o mainstream esportivo. As referências culturais do brasileiro médio geralmente associam o beisebol aos Estados Unidos ou ao Japão, e raramente ao Brasil (Souza, 2022).
Os jogos e campeonatos domésticos quase não têm espaço na grande mídia esportiva nacional. É raro ver notícias sobre beisebol nos noticiários de TV aberta, mesmo em veículos especializados em esportes. Como consequência, redes sociais e sites voltados ao público nichado tornaram-se as principais vias de divulgação da modalidade. As páginas oficiais da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS) nas plataformas digitais: Instagram, X (antigo Twitter) e Facebook, reúnem cerca de 30 mil seguidores no total, e cumprem o papel de informar essa comunidade de fãs sobre campeonatos, resultados e iniciativas (CBBS, 2024).
Contudo, essa audiência engajada ainda é pequena frente ao universo de torcedores de esportes tradicionais. A invisibilidade midiática dificulta a atração de novos praticantes, simpatizantes e, principalmente, investidores. Como consequência, o beisebol brasileiro não consegue se beneficiar do chamado “efeito virtuoso” que a exposição pública proporciona, bom desempenho gera cobertura, que atrai patrocinadores, que por sua vez garantem mais recursos para melhorar ainda mais o desempenho (Oliveira, 2021).
- Recursos humanos e carreira:
Diante da ausência de uma liga profissional estruturada ou de mercados internos sustentáveis, os jogadores talentosos do beisebol brasileiro são frequentemente forçados a buscar caminhos alternativos, tentam a sorte em campeonatos estrangeiros, como as ligas menores dos Estados Unidos, ou ligas independentes na Ásia e na Europa, ou, em muitos casos, abandonam o esporte competitivo precocemente para seguir outras profissões (CBBS, 2023; Souza, 2022).
Grande parte dos atletas da seleção brasileira adulta não consegue se dedicar exclusivamente ao beisebol, sendo obrigada a conciliar treinos e competições com empregos formais em outras áreas, o que evidencia o caráter semi-amador do cenário atual. Na equipe que disputou os Jogos Pan-Americanos de 2023, por exemplo, havia jogadores que, fora dos campos, trabalhavam como soldador de fábrica, chapeiro de lanchonete, dentista e servente de pedreiro, entre outras ocupações (Globo Esporte, 2023). Um dos arremessadores da seleção chegou a relatar: “bato concreto todo dia, de segunda a sexta, e treino à noite”, descrevendo uma rotina exaustiva para manter vivo o sonho de representar o Brasil no esporte.
Essa realidade contrasta fortemente com a de países onde o beisebol é profissionalizado, nos quais os atletas, desde cedo, veem no esporte uma carreira viável, com retorno financeiro e estabilidade. No Brasil, a falta de perspectivas profissionais contribui significativamente para a evasão esportiva, muitos jovens desistem da modalidade na transição da adolescência para a vida adulta, o que representa uma perda considerável de talentos para o país (Oliveira, 2021; Ribeiro & Silva, 2020).
Em suma, o contexto atual do beisebol brasileiro é de um esporte com tradição em nichos específicos e pontuais êxitos internacionais, porém ainda amarrado por limitações financeiras, estruturais e culturais. A profissionalização apresenta-se como um desafio complexo, que envolve romper com essa marginalidade histórica, mas também como uma potencial solução para destravar o crescimento da modalidade. Para entender melhor esse potencial, é instrutivo comparar a situação brasileira com a de países onde o beisebol já alcançou alto grau de desenvolvimento profissional e popularidade.
Beisebol Profissional no Mundo: Lições para o Brasil
Para delinear caminhos de profissionalização, é útil observar exemplos internacionais de sucesso no beisebol. Diversos países transformaram a modalidade em um componente importante de suas economias, culturas e identidades esportivas nacionais. A seguir, comparam-se alguns casos emblemáticos, destacando características das estruturas profissionais e o impacto do beisebol em cada contexto, com vistas a extrair lições aplicáveis ao Brasil.
Estados Unidos (MLB):
Berço do beisebol moderno, os Estados Unidos abrigam a liga profissional mais rica e organizada do mundo, a Major League Baseball (MLB), fundada em 1903. A MLB é composta por 30 franquias distribuídas pelos Estados Unidos e Canadá, e movimenta cifras bilionárias anualmente. Em 2023, a liga gerou aproximadamente US$ 11,6 bilhões em receita, posicionando-se como a segunda liga esportiva de maior faturamento global, atrás apenas da NFL (National Football League), do futebol americano (Forbes, 2024; Statista, 2024).
Esse desempenho econômico impressionante resulta de uma combinação de fatores, contratos multimilionários de direitos de transmissão televisiva, patrocínios de alcance internacional, estratégias de marketing bem consolidadas e uma cultura de consumo esportivo profundamente enraizada na sociedade norte-americana (MLB, 2023). O público total da MLB por temporada é o maior entre todas as ligas esportivas do mundo. Em 2018, por exemplo, mais de 69,6 milhões de torcedores compareceram aos estádios ao longo do ano. Já em 2023, com a adoção de novas regras para tornar os jogos mais dinâmicos, a liga voltou a registrar crescimento de audiência, aproximando-se novamente da marca de 70 milhões de espectadores anuais nas arenas (ESPN, 2023).
Esses números superlativos ilustram o enorme apelo popular do beisebol nos Estados Unidos, onde o esporte é considerado parte integrante da identidade nacional, frequentemente referido como o national pastime. A MLB mantém ainda um robusto sistema de desenvolvimento de atletas, que inclui ligas menores afiliadas (Minor Leagues) espalhadas por dezenas de cidades, além de parcerias com programas universitários e escolares, funcionando como um verdadeiro viveiro de talentos (USA Baseball, 2022).
A longevidade e a estabilidade do modelo norte-americano demonstram como o profissionalismo bem estruturado pode transformar o beisebol em um negócio sustentável e em um espetáculo esportivo de massa. Por outro lado, o caso da MLB também oferece lições valiosas sobre desafios contemporâneos, como a necessidade de renovação do interesse entre os jovens, um problema que a própria liga vem enfrentando. Para lidar com isso, a MLB tem investido na modernização das regras, encurtamento do tempo de jogo e ações promocionais nas redes sociais, visando a atrair novas gerações de torcedores. Essas estratégias, adaptadas à realidade brasileira, podem ser relevantes caso o Brasil avance rumo a uma profissionalização do beisebol.
Japão (NPB):
No Japão, o beisebol é o esporte nacional em termos de popularidade e tradição, tendo sido introduzido no país no final do século XIX. A liga profissional japonesa, Nippon Professional Baseball (NPB), existe formalmente desde 1950 e é composta por 12 equipes altamente competitivas. O nível técnico da NPB é amplamente considerado o mais forte fora da Major League Baseball (MLB), e a liga se consolidou não apenas no aspecto esportivo, mas também como uma organização economicamente sustentável.
A NPB é a liga esportiva mais rica da Ásia e ocupa o segundo lugar mundial no beisebol em termos de receita, atrás apenas da MLB (Statista, 2023). Em relação ao público, a NPB alcança anualmente a segunda maior presença de torcedores em estádios no mundo, mesmo com uma quantidade significativamente menor de jogos em comparação com a MLB. Em 2024, superadas as restrições impostas pela pandemia, a temporada regular no Japão registrou mais de 26,6 milhões de espectadores, com uma média superior a 30 mil pagantes por partida (NPB Official, 2024). Os jogos geralmente ocorrem com lotação máxima e atmosfera festiva, reflexo da forte identificação do povo japonês com o esporte.
Um dos fatores determinantes para esse sucesso é o sólido trabalho de base e o apoio institucional ao beisebol. Ao longo do século XX, o Ministério da Educação do Japão incorporou o esporte aos currículos escolares, valorizando-o como uma prática que desenvolve disciplina, trabalho em equipe e formação de caráter, virtudes alinhadas aos valores culturais japoneses (Kikuchi, 2019). Como resultado, crianças e adolescentes crescem jogando beisebol em escolas, universidades e clubes corporativos, o que assegura uma renovação constante de talentos.
Grandes nomes do esporte, como Ichiro Suzuki e Shohei Ohtani, tornaram-se ídolos internacionais, demonstrando que o sistema japonês é capaz de produzir atletas de elite com desempenho comparável ao dos melhores do mundo. Além disso, o beisebol no Japão transcende o campo esportivo, está presente na cultura popular por meio de mangás, filmes e transmissões televisivas de grande audiência, como o prestigiado torneio colegial Kōshien, que mobiliza milhões de espectadores e emociona o país a cada edição (Whiting, 2009).
Para o Brasil, o exemplo japonês oferece uma lição valiosa sobre a importância de integrar o esporte ao sistema educacional e à cultura comunitária. Esse modelo demonstra que o profissionalismo esportivo pode florescer mesmo fora do eixo norte-americano, desde que haja apoio institucional, planejamento estratégico e engajamento popular desde a base.
Coreia do Sul (KBO):
A Coreia do Sul seguiu um caminho semelhante ao do Japão ao adotar e popularizar o beisebol, embora de forma mais tardia. A liga profissional sul-coreana, a KBO League (Korea Baseball Organization), foi fundada em 1982 com seis equipes e, atualmente, conta com 10 franquias. Nas últimas décadas, o beisebol tornou-se o esporte mais popular do país, superando até mesmo o futebol em termos de audiência e engajamento local.
Os jogos da KBO atraem milhares de torcedores a cada rodada, sendo marcados por uma atmosfera única, as torcidas coreanas são conhecidas por sua animação, com cantos coreografados e celebrações entusiasmadas a cada rebatida, criando uma cultura de estádio singular. Em 2024, a liga registrou público recorde, ultraando 9 milhões de espectadores ao longo da temporada, e projeta atingir a marca histórica de 10 milhões (KBO Official, 2024).
Esse crescimento de popularidade foi impulsionado, em parte, pelo sucesso da seleção sul-coreana em competições internacionais. A Coreia do Sul consolidou-se como uma potência do beisebol após conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 (além do bronze em Sydney 2000), e também pelo vice-campeonato no World Baseball Classic (WBC) de 2009. Essas conquistas geraram grande visibilidade nacional e orgulho coletivo, motivando escolas secundárias a incorporar o beisebol em seus currículos e estimulando a criação de ligas juvenis de base no país (Chung & Park, 2021).
Com isso, o governo e grandes conglomerados empresariais aram a investir mais no esporte, tanto em infraestrutura quanto em patrocínios, reconhecendo o potencial do beisebol como forma de entretenimento de massa. Atualmente, a KBO é profissionalizada em todos os aspectos, seus jogadores recebem salários elevados (ainda que inferiores aos da MLB), há contratos robustos de transmissão televisiva e atletas estrangeiros, inclusive ex-jogadores da MLB, atuam como estrelas nas equipes.
A experiência sul-coreana demonstra que resultados esportivos de alto nível podem retroalimentar a popularização interna de uma modalidade, especialmente quando acompanhados por investimentos em categorias de base e estratégias eficazes de marketing. Para o Brasil, que busca ampliar a relevância do beisebol no cenário esportivo nacional, a trajetória da Coreia do Sul sugere que conquistas como a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de 2023 podem ser catalisadoras de visibilidade e apoio, desde que aproveitadas por meio de ações concretas de promoção, formação de atletas e engajamento do público.
Cuba:
Diferentemente dos casos anteriores, movidos por ligas de mercado, Cuba representa um modelo singular, no qual o beisebol é quase uma instituição nacional. Introduzido no final do século XIX, o esporte rapidamente conquistou o coração dos cubanos, tornando-se parte essencial de sua identidade cultural. Já em 1878 foi criada a primeira liga formal no país, a Liga Cubana de Béisbol Profesional, considerada uma das primeiras da América Latina.
Ao longo do século XX, Cuba formou gerações de jogadores talentosos e competitivos. Após a Revolução de 1959, o regime liderado por Fidel Castro aboliu o sistema esportivo profissional e integrou o beisebol ao aparato estatal, promovendo-o como símbolo de orgulho nacional e resistência cultural frente à influência dos Estados Unidos (Bjarkman, 2007). Mesmo com atletas oficialmente amadores, que recebiam apoio do governo para competir, o país dominou competições internacionais durante décadas, conquistou três medalhas de ouro olímpicas (Barcelona 1992, Atlanta 1996, Atenas 2004) e duas de prata (Pequim 2008 e Sydney 2000), além de inúmeros títulos na Copa do Mundo de Beisebol da IBAF e nos Jogos Pan-Americanos.
Essas conquistas consolidaram Cuba como uma das maiores potências históricas do beisebol internacional. O impacto social do esporte no país é profundo, crianças crescem jogando pelota nas ruas e nos campos, sonhando em vestir a camisa da seleção nacional. Os estádios cubanos lotavam para assistir aos clássicos da Serie Nacional (liga local), demonstrando que a paixão pelo beisebol não depende necessariamente de profissionalismo ou remuneração, pois está enraizada nas comunidades, nas escolas e até nas forças armadas, que mantinham suas próprias equipes esportivas.
Nos últimos anos, com a abertura econômica gradual e a crescente diáspora de jogadores cubanos em direção a ligas profissionais no exterior, especialmente nos Estados Unidos e no Japão, o modelo esportivo cubano ou por ajustes. Ainda assim, o legado cultural do beisebol permanece robusto e vivo. Para o Brasil, o caso cubano ensina que o apoio estatal e a integração do esporte a um projeto nacional mais amplo podem sustentar a prática do beisebol mesmo sem forte apelo comercial. Idealmente, contudo, deve-se buscar uma combinação entre paixão popular e incentivos materiais sustentáveis. Cuba também evidencia a força do beisebol como elemento cultural, ali, ele é tão representativo quanto o samba ou o futebol são para os brasileiros, transcendendo gerações.
República Dominicana e Venezuela:
No Caribe hispânico, dois países de porte médio se destacam pela devoção ao beisebol e pela notável produção de talentos, a República Dominicana e a Venezuela. A República Dominicana, em particular, é frequentemente citada como exemplo de como o beisebol pode transformar realidades socioeconômicas. Com uma população de aproximadamente 11 milhões de habitantes, o país é um verdadeiro celeiro de atletas para a Major League Baseball (MLB). Cerca de 10% dos jogadores da MLB são dominicanos, a maior proporção entre os estrangeiros (MLB, 2023).
Em 2023, no início da temporada, 104 jogadores dominicanos estavam nos elencos das equipes da MLB, número superior ao de qualquer outro país fora os Estados Unidos (MLB, 2023). Esse fenômeno é resultado de um sistema bem estabelecido de academias de treinamento financiadas por franquias da MLB em solo dominicano. Todas as 30 equipes da liga mantêm centros de desenvolvimento no país, recrutando jovens já na adolescência.
Estima-se que a MLB invista cerca de US$ 125 milhões por ano na operação dessas academias e na formação de novos talentos dominicanos. Esse montante inclui infraestrutura, treinamento, educação básica para os atletas e bônus de , constituindo um fluxo importante de capital estrangeiro para a economia local (KLEIN, 2016). Muitos jogadores que alcançam o sucesso enviam recursos de volta às suas famílias e comunidades, gerando um impacto socioeconômico positivo, embora haja críticas quanto à dependência de uma espécie de “indústria de exportação de jogadores” (RUCK, 2011).
Cidades como San Pedro de Macorís se orgulham de ser berços de astros da MLB. O beisebol faz parte do cotidiano e do imaginário nacional na República Dominicana. O país possui uma liga profissional de inverno com grande apelo popular, os estádios lotam para assistir às seis equipes que disputam a Liga de Béisbol Profesional de la República Dominicana (LIDOM) entre outubro e janeiro. O campeão nacional avança à Série do Caribe, o torneio interclubes mais importante da região. Essa liga local também movimenta a economia e alimenta a paixão nacional, servindo de plataforma para jogadores em ascensão e veteranos em atividade.
A Venezuela, por sua vez, apresenta uma história semelhante. O beisebol é, há décadas, o esporte número um para grande parte da população, embora, nos últimos anos, o futebol tenha começado a equilibrar essa balança. A Liga Venezolana de Béisbol Profesional (LVBP) existe desde 1945 e continua a atrair multidões nos jogos do fim de ano, mesmo com as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país (BBC MUNDO, 2023).
Grandes nomes da MLB como Miguel Cabrera, José Altuve e Ronald Acuña Jr. são venezuelanos e inspiram jovens a seguir seus os. Apesar da crise interna, o talento continua a emergir. A vitória da seleção venezuelana na Série do Caribe de 2023 e a campanha destacada no World Baseball Classic (WBC) evidenciam a resiliência do esporte no país (WORLD BASEBALL CLASSIC, 2023).
Tanto a República Dominicana quanto a Venezuela ilustram o papel do beisebol como motor de mobilidade social e orgulho nacional. Muitos garotos de origem humilde veem no esporte uma oportunidade de ascensão, e os feitos de seus atletas no exterior provocam comoção e fortalecem os laços de identidade e coesão nacional.
México e outros países:
O México também merece destaque, pois possui duas ligas profissionais estabelecidas: a Liga Mexicana de Beisbol (LMB), disputada no verão, e a Liga Mexicana do Pacífico (LMP), no inverno. Embora o futebol seja o esporte mais popular nacionalmente, o beisebol tem forte presença regional, especialmente no norte do país, e conta com estádios modernos e torcidas apaixonadas (KLEIN, 2016).
Nos últimos anos, o México tem sediado jogos de temporada regular da Major League Baseball (MLB), como parte da estratégia de expansão internacional da liga, o que reforça sua importância como mercado consumidor relevante (MLB, 2023). Em 2023, a seleção mexicana alcançou um feito inédito ao chegar às semifinais do World Baseball Classic (WBC), consolidando o crescimento qualitativo do esporte no país (WORLD BASEBALL CLASSIC, 2023).
Outros países latino-americanos também mantêm tradições consideráveis no beisebol, ainda que com impacto global individualmente mais modesto. É o caso de Porto Rico (território associado aos Estados Unidos), Panamá, Colômbia e Cuba. Este último, aliás, destaca-se historicamente por seu sistema esportivo centralizado e por sua produção consistente de talentos, muitos dos quais migraram para a MLB ao longo das décadas (RUCK, 2011; BJARKMAN, 2007).
Na Ásia, além de Japão e Coreia do Sul, Taiwan (oficialmente denominado Chinese Taipei nas competições internacionais) mantém uma liga profissional desde a década de 1990, enquanto a China continental começa a investir na modalidade com vistas a ganhos esportivos futuros e maior protagonismo olímpico (GOLDMAN, 2020).
Do conjunto dessas comparações, depreende-se que não há um único caminho para o sucesso do beisebol, mas sim elementos recorrentes que sustentam sua consolidação, uma forte cultura esportiva local, sistemas de formação eficazes, apoio financeiro consistente, seja por meio do mercado, do Estado ou de ambos, e a integração do esporte à vida social.
Países que lograram profissionalizar o beisebol o fizeram combinando diversos desses fatores. Por exemplo: investimentos pesados e planejamento estratégico de ligas (como nos EUA e no Japão); apoio governamental e massificação escolar (notadamente no Japão, Coreia do Sul e Cuba); uso do esporte como ferramenta de mobilidade social (como observado na República Dominicana e na Venezuela); e a construção de um apelo popular autêntico e enraizado.
Para o Brasil, que possui dimensões continentais e já demonstrou ter talentos promissores na modalidade, as experiências internacionais sugerem que é possível criar um ecossistema profissional de beisebol, desde que as estratégias sejam adequadamente adaptadas à realidade local. Será necessário fomentar a base de praticantes e de fãs, atrair investimentos e inserir o esporte de maneira mais ampla no cotidiano dos brasileiros.
Na próxima seção, serão apresentados os possíveis benefícios de uma eventual profissionalização do beisebol no Brasil, que também funcionam como argumentos em favor da consolidação desse objetivo.
Vantagens da Profissionalização: Economia, Sociedade, Esporte e Cultura
A profissionalização do beisebol brasileiro não é um fim em si mesma, mas um meio para colher uma série de benefícios interligados. Transformar o beisebol em uma atividade esportiva estruturada, com clubes profissionais, campeonatos regulares e atletas remunerados, poderia gerar ganhos significativos em quatro dimensões principais:
1. Vantagens econômicas:
O esporte de alto rendimento pode se tornar um setor econômico relevante. No caso do beisebol, a criação de uma liga profissional no Brasil poderia gerar uma cadeia produtiva com empregos diretos e indiretos, entre eles: jogadores, treinadores, preparadores físicos, árbitros, pessoal istrativo dos clubes, equipes de operação dos estádios (como seguranças, bilheteiros e profissionais de alimentação), além de profissionais de mídia e marketing esportivo (MELO NETO; PUGLIA, 2010).
Uma indústria do esporte poderia se desenvolver em torno do beisebol, dinamizando economias locais. Eventos esportivos movimentam cadeias produtivas ligadas ao turismo e aos serviços, um jogo bem divulgado atrai torcedores de outras cidades, aquece hotéis, restaurantes e o comércio nas imediações dos estádios (KELLISON; MONDLAY, 2015). Havendo um calendário regular de partidas, cidades brasileiras poderiam se tornar plazas do beisebol, com impactos positivos semelhantes aos observados em cidades norte-americanas, onde times da MLB impulsionam negócios locais, como bares temáticos, lojas de artigos esportivos e serviços turísticos (ROSNER; SHROEDER, 2011).
Além disso, a profissionalização traria receitas provenientes de mídia e patrocínio. Redes de televisão, rádios e plataformas de streaming poderiam se interessar em adquirir os direitos de transmissão de uma liga nacional, gerando renda para os clubes e visibilidade para os patrocinadores. As empresas, por sua vez, teriam maior incentivo para associar suas marcas ao esporte, caso este conquiste um público amplo e constante. A exposição de marca em uniformes, placas nos estádios e anúncios durante transmissões funcionaria como contrapartida ao investimento financeiro nos times e competições (BOURDIEU, 1983; ANDREFF; SZYMANSKI, 2006).
Num cenário otimista de crescimento, até franquias internacionais poderiam ver o Brasil como um mercado para partidas de exibição da MLB ou para parcerias comerciais, o que injetaria divisas na economia local. Convém lembrar que os grandes mercados esportivos lidam com cifras elevadas, a MLB, por exemplo, gera mais de US$ 11 bilhões por ano em receita (STATISTA, 2024). Embora seja irreal almejar valores próximos a esse no Brasil a curto prazo, mesmo uma pequena fração desse montante representaria um avanço significativo para o cenário esportivo nacional.
Outro benefício econômico indireto seria o desenvolvimento de um mercado de fornecimento de bens e serviços específicos. Com mais praticantes, poderia surgir interesse de fabricantes em produzir materiais de beisebol no Brasil, como bolas, tacos e luvas, hoje em sua maioria importados. Isso estimularia a criação de pequenas indústrias especializadas ou ampliaria o portfólio de empresas já atuantes no ramo esportivo, podendo inclusive reduzir custos a longo prazo por meio da produção local.
Em resumo, profissionalizar o beisebol no Brasil tende a gerar riqueza e distribuir renda em novas frentes, diversificando a economia do esporte para além do futebol e contribuindo para o Produto Interno Bruto (PIB) esportivo nacional (IPEA, 2020).
2. Vantagens sociais:
O esporte tem reconhecidos impactos sociais positivos, e com o beisebol não seria diferente. A consolidação de uma estrutura profissional robusta exige uma pirâmide de base ampla, ou seja, milhares de crianças e jovens praticando a modalidade nas categorias inferiores, em escolinhas e projetos comunitários (COAKLEY, 2011). Isso significa retirar jovens da ociosidade e integrá-los a atividades saudáveis, educativas e de convivência.
A prática esportiva organizada está associada a benefícios como melhora da saúde física, desenvolvimento de valores como disciplina, respeito às regras, trabalho em equipe e perseverança, atributos que se refletem positivamente na vida escolar e cidadã (FRAGA; MELO, 2013).
Iniciativas de expansão do beisebol no Brasil poderiam ser direcionadas a comunidades carentes e grupos vulneráveis, utilizando o esporte como ferramenta de inclusão social. Projetos implementados em periferias urbanas ou cidades do interior poderiam introduzir o beisebol em contextos onde crianças têm poucas opções de lazer e enfrentam alto risco de exposição à violência ou a atividades ilícitas (PAES, 2002).
Oferecer treinamento esportivo estruturado e o a competições pode contribuir para reduzir a evasão escolar, especialmente se a participação estiver condicionada ao bom desempenho acadêmico. Além disso, abre oportunidades de carreira para talentos em destaque, seja por meio do ingresso em equipes profissionais nacionais, seja pela obtenção de bolsas de estudo em universidades estrangeiras ou até mesmo de contratos internacionais, como já ocorre em outras modalidades (MELO NETO; PUGLIA, 2010).
Outro aspecto social relevante seria o fortalecimento dos laços comunitários e interculturais. O beisebol, historicamente ligado à comunidade japonesa no Brasil, ao se difundir mais amplamente, pode servir como ponte de integração entre descendentes de japoneses e demais brasileiros, promovendo o respeito à diversidade cultural (TAKEDA, 2014). Da mesma forma, a crescente comunidade de imigrantes latino-americanos no país, como venezuelanos e colombianos, poderia encontrar no beisebol uma forma de conexão, pertencimento e troca cultural, dado o forte enraizamento do esporte em seus países de origem (UNESCO, 2015).
Em suma, a profissionalização do beisebol traz consigo a necessidade de formar atletas e torcedores desde a base, o que pode ser aproveitado em políticas públicas voltadas ao desenvolvimento humano, à redução da desigualdade e à promoção da coesão social.
3. Vantagens esportivas (desempenho e prestígio):
No âmbito esportivo estrito, os benefícios da profissionalização do beisebol no Brasil são claros. Com uma liga nacional sólida e atletas treinando e competindo em alto nível de forma regular, é esperado um aumento significativo no nível técnico da modalidade. Tal avanço se refletiria no desempenho da seleção brasileira em competições internacionais.
Mesmo com uma estrutura predominantemente amadora, o Brasil já figura entre os 20 melhores países do mundo no ranking da World Baseball Softball Confederation (WBSC) e foi vice-campeão pan-americano em 2023 (WBSC, 2024). Imagine-se o potencial com jogadores profissionais dedicados exclusivamente ao esporte, com maior rodagem competitiva, o Brasil poderia pleitear participações mais frequentes no World Baseball Classic (WBC), o principal campeonato internacional da modalidade, e disputar em melhores condições contra as potências continentais, como Cuba, Venezuela, México e República Dominicana.
Com o fortalecimento da base e do alto rendimento, o país poderia até almejar medalhas nos Jogos Pan-Americanos de forma recorrente e, caso o beisebol retorne ao programa olímpico, o que é provável para os Jogos de Los Angeles 2028, dado o interesse local pelo esporte, disputar uma vaga inédita nos Jogos Olímpicos (IOC, 2023).
Essas conquistas trariam prestígio esportivo ao Brasil, ajudando a diversificar o quadro de medalhas e reduzir a dependência de modalidades tradicionais, como o futebol, o judô e a natação. Isso seria particularmente relevante para o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e para a política esportiva nacional, pois um leque mais amplo de esportes de alto rendimento contribui para o equilíbrio de investimentos públicos e privados, além de aumentar o engajamento popular com modalidades diversas (MELO NETO; PUGLIA, 2010).
Além do desempenho internacional, um circuito profissional doméstico permitiria revelar talentos que hoje am despercebidos. Muitos jogadores promissores não têm o às vitrines internacionais, como ligas dos Estados Unidos ou do Japão, seja por barreiras financeiras, logísticas ou de visibilidade. Com clubes profissionais no Brasil, esses atletas poderiam se destacar em competições nacionais e, eventualmente, serem contratados por ligas estrangeiras, exportando jogadores, como já ocorre no futebol brasileiro.
Cada atleta bem-sucedido no exterior funciona como um embaixador da modalidade, incentivando novos praticantes e gerando identificação com o público. O chamado “efeito ídolo” é real, como se viu em outras modalidades. No caso do tênis, por exemplo, o sucesso de Gustavo Kuerten em Grand Slams provocou um aumento expressivo do interesse e da prática do esporte no país (NASCIMENTO; MORAES, 2018).
No beisebol, um exemplo emblemático foi o de Paulo Orlando, primeiro brasileiro campeão da World Series, em 2015, com o Kansas City Royals, fato que despertou a atenção da mídia nacional e inspirou jovens atletas. Outro nome de destaque é Yan Gomes, primeiro brasileiro a disputar uma temporada completa da MLB e também vencedor da World Series (2019, com o Washington Nationals). Com a profissionalização da modalidade no Brasil, aumentariam as chances de surgirem novos “Paulos Orlandos” ou “Yan Gomes”, alimentando um ciclo virtuoso de referência e motivação.
Adicionalmente, uma liga profissional nacional poderia atrair jogadores estrangeiros, como ocorre em campeonatos da Venezuela, México e República Dominicana, onde atletas dos EUA participam no inverno para manter o ritmo competitivo. Essa presença internacional elevaria o nível técnico das partidas e proporcionaria intercâmbio de estilos e táticas, beneficiando a formação dos jogadores locais (KLEIN, 2016).
Em resumo, os ganhos esportivos seriam quantitativos, com mais atletas praticando em alto nível, e qualitativos, com melhor desempenho internacional, construção de ídolos e maior reputação do Brasil no cenário do beisebol global.
4. Vantagens culturais:
O esporte é parte integrante da cultura de um povo, e expandir o leque esportivo brasileiro contribui para enriquecer nossa diversidade cultural. A profissionalização do beisebol poderia fomentar o desenvolvimento de uma nova cultura esportiva nacional, paralela àquela do futebol, do vôlei ou do basquete (DA COSTA, 2002). Isso significa o surgimento de novos símbolos, narrativas e tradições.
Por exemplo, torcidas organizadas de clubes de beisebol poderiam emergir com suas músicas e rituais próprios, incorporando elementos típicos das torcidas latinas, como tambores, cornetas e coreografias, amplamente utilizados em jogos caribenhos e latino-americanos (GARCÍA; RODRÍGUEZ, 2010). Transmissões de televisão e rádio também poderiam desenvolver bordões, narradores carismáticos e comentaristas especializados, enriquecendo o repertório da crônica esportiva brasileira.
Do ponto de vista do consumidor de esporte, haveria mais opções de lazer e entretenimento. Famílias poderiam ter no beisebol um novo programa cultural, assistindo a partidas ao vivo ou pela televisão, algo que hoje ainda é a nichos específicos. Culturalmente, o Brasil se conectaria com países onde o beisebol já é forte, como Japão, Coreia do Sul, Cuba e República Dominicana, estreitando laços internacionais por meio do esporte (MAZZONI, 2014).
No cenário asiático, o intercâmbio esportivo com Japão e Coreia, países com os quais o Brasil já mantém fortes relações econômicas e culturais, poderia ganhar novo impulso. No plano latino-americano, o Brasil, que já compartilha com seus vizinhos a paixão pelo futebol, aria também a compartilhar o gosto pelo beisebol, aproximando-se ainda mais de países como Venezuela, Panamá, México e Porto Rico, com impactos potenciais em eventos culturais, festivais esportivos e turismo temático (UNESCO, 2015).
Outro ganho intangível, mas significativo, seria a valorização da herança cultural dos imigrantes. A comunidade japonesa, que manteve viva a prática do beisebol por gerações no Brasil, veria seu esporte de coração ganhar reconhecimento nacional, algo que fortalece o multiculturalismo brasileiro e contribui para o reconhecimento de identidades culturais historicamente marginalizadas (TAKEDA, 2014).
A profissionalização da modalidade também pode estimular a produção de conteúdos culturais, como filmes, documentários ou livros sobre a trajetória do beisebol brasileiro, revelando histórias e personagens pouco conhecidos do grande público. Tal movimento, além de ampliar o capital simbólico do esporte, enriquece a memória esportiva nacional (HELAL; SOARES, 2004).
Vale destacar ainda a curiosidade de que o Brasil possui uma brincadeira popular chamada “taco” (ou “bets”), praticada por crianças em diferentes regiões do país. O jogo guarda semelhanças com o beisebol e o críquete, sendo jogado com bastões e bola. Uma maior difusão do beisebol formal poderia resgatar, transformar e valorizar o “taco”, criando uma ponte entre a cultura lúdica das ruas e a prática esportiva organizada, algo análogo ao papel do futsal como base formativa do futebol profissional (PAES, 2002).
Em suma, culturalmente o Brasil só tem a ganhar ao incorporar o beisebol em seu repertório, ampliamos nossa identidade esportiva, celebramos nossa pluralidade cultural e oferecemos ao público novas formas de se emocionar, de se reunir e de se reconhecer coletivamente por meio do esporte.
Diante de todos esses potenciais benefícios, fica evidente que a profissionalização do beisebol não traria ganhos apenas a um pequeno grupo de atletas, mas reverberam positivamente em múltiplos setores da sociedade brasileira. Naturalmente, essas vantagens dependem da efetiva implantação de um modelo sólido de profissionalização. Por isso, é essencial discutir caminhos concretos e estratégias para viabilizar essa jornada no Brasil, tema da próxima seção.
Caminhos para a Profissionalização do Beisebol no Brasil
Profissionalizar o beisebol brasileiro é uma tarefa desafiadora que exige uma abordagem multifacetada, envolvendo agentes públicos, iniciativa privada, entidades esportivas e a própria comunidade de praticantes. Não há solução instantânea, trata-se de um processo gradativo, que pode levar anos ou décadas até maturar plenamente. No entanto, há medidas que podem e devem ser iniciadas desde já, estabelecendo os alicerces desse futuro profissional. A seguir, delineiam-se cinco frentes estratégicas que, de forma integrada, podem impulsionar a profissionalização do beisebol no Brasil:
1. Políticas públicas e apoio governamental:
O envolvimento do Estado é fundamental para alavancar esportes emergentes. No caso do beisebol, o governo pode atuar de diversas maneiras. Uma medida imediata seria a destinação de recursos orçamentários específicos para a Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS) e para projetos de base, por meio do Ministério do Esporte, que voltou a ter status de pasta independente em 2023, separado do Ministério da Cidadania, ou via secretarias estaduais e municipais de esportes (BRASIL, 2023a).
Programas de fomento, semelhantes aos existentes para modalidades olímpicas como o atletismo e a natação, poderiam contemplar o beisebol, financiando, por exemplo, escolinhas em centros esportivos públicos, doação de materiais para iniciação nas escolas e custos de participação da seleção brasileira em torneios internacionais (COB, 2024).
Outra ferramenta importante é a Lei de Incentivo ao Esporte (Lei nº 11.438/2006), que permite que empresas abatam do Imposto de Renda valores destinados a projetos esportivos aprovados pelo governo. A CBBS e os clubes podem estruturar projetos de formação, clínicas ou eventos competitivos de beisebol e submetê-los ao mecanismo de incentivo, o que torna o patrocínio mais atrativo ao setor privado, já que envolve renúncia fiscal (BRASIL, 2006).
Cabe ao poder público, nesse contexto, agilizar a aprovação desses projetos e divulgar amplamente essa possibilidade junto ao meio empresarial, incentivando o engajamento com o esporte.
Além do incentivo fiscal, os governos podem contribuir diretamente com infraestrutura, por meio da cessão de terrenos ou espaços públicos para a construção de campos e centros de treinamento. Parcerias público-privadas (PPPs) podem viabilizar complexos esportivos multiuso que incluam campos de beisebol. Uma alternativa viável seria a adaptação de áreas de parques públicos para comportar campos no formato de “diamante” oficial, como já foi proposto no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. No entanto, por falta de continuidade política, tais iniciativas não se consolidaram. Com vontade política, esses projetos podem ser retomados e expandidos (SÃO PAULO, 2021).
Outro aspecto fundamental da política pública é inserir o beisebol no ambiente escolar. Ainda que sua introdução em todas as escolas públicas não seja viável de imediato, é possível iniciar esse processo por regiões com tradição no esporte, como o interior de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Programas como o “Segundo Tempo”, voltado para a prática esportiva no contraturno escolar, podem incluir o beisebol, desde que acompanhados de formação docente específica e metodologia lúdica, alinhando ensino técnico aos valores educativos do esporte (BRASIL, 2023b).
Essa abordagem ampliaria a base de praticantes, democratizando o o e quebrando a imagem do beisebol como um esporte ou elitizado.
O governo também pode atuar como articulador institucional, promovendo a aproximação da CBBS com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), com o Comitê Paralímpico Brasileiro (B), especialmente considerando o desenvolvimento do softbol adaptado, e com os ministérios da Educação e das Relações Exteriores, visando programas de intercâmbio esportivo e técnico com países onde o beisebol é consolidado.
Um exemplo bem-sucedido dessa colaboração é a Academia CBBS, lançada em parceria com a Secretaria Especial do Esporte, em Ibiúna (SP), que recebeu investimento público de cerca de R$ 500 mil e hoje funciona como núcleo de alto rendimento (CBBS, 2023).
Em síntese, políticas públicas consistentes são essenciais para a criação de um ecossistema esportivo favorável, reduzindo custos operacionais, provendo infraestrutura básica, aumentando a visibilidade do beisebol no sistema esportivo nacional e potencializando seus impactos sociais, culturais e econômicos.
2. Parcerias privadas e investimento empresarial:
O envolvimento do Estado é fundamental para alavancar esportes emergentes. No caso do beisebol, o governo pode atuar de diversas formas. Uma medida imediata seria destinar recursos orçamentários específicos para a CBBS e projetos de base, seja via Ministério do Esporte (que voltou a existir em 2023, separado do Ministério da Cidadania) ou via secretarias estaduais e municipais de esporte (BRASIL, 2023). Programas de fomento, similares aos que já ocorrem com modalidades olímpicas como atletismo e natação, poderiam contemplar o beisebol, por exemplo, custeando escolinhas em centros esportivos públicos, doando materiais para iniciação em escolas e financiando a participação da seleção em competições internacionais (CBBS, 2023).
Outra ferramenta importante é a Lei de Incentivo ao Esporte, que permite a empresas abaterem do imposto de renda os patrocínios a projetos esportivos aprovados. A CBBS e os clubes poderiam estruturar projetos de formação ou eventos de beisebol e submetê-los a essa lei, tornando mais atrativo para patrocinadores privados apoiarem (já que teriam renúncia fiscal). Cabe ao poder público dar celeridade na aprovação desses projetos e divulgar essa possibilidade no meio empresarial (BRASIL, 2023).
Além do incentivo fiscal, governos podem contribuir com infraestrutura, cedendo terrenos ou espaços para construção de campos e centros de treinamento. Parcerias público-privadas podem viabilizar complexos esportivos multiuso que incluam campos de beisebol, por exemplo, adaptar parte de parques públicos para comportar um diamante (campo) oficial. Em São Paulo, houve tentativas de reservar áreas em parques como o do Ibirapuera para instalação de campos temporários, mas faltou continuidade. Com vontade política, isso pode ser retomado e ampliado (SÃO PAULO, 2021).
Outro aspecto da política pública é inserir o beisebol nas escolas. Embora não seja viável introduzir o esporte em todas as escolas de imediato, pode-se iniciar por escolas públicas em regiões onde já há tradição (interior de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul). Projetos como o Segundo Tempo (de esporte no contraturno escolar) podem incluir o beisebol, com profissionais capacitados ensinando fundamentos de forma lúdica (CBBS, 2023). O resultado seria aumentar a base de praticantes e democratizar o o, tirando a imagem de esporte fechado.
Por fim, o governo pode ajudar na articulação institucional: aproximar a CBBS de entidades como o COB, Comitê Paralímpico (pensando também no softbol e beisebol paralímpico), e até ministérios de Educação e Relações Exteriores (para intercâmbios internacionais). Um exemplo positivo recente foi a integração do projeto Academia CBBS com a Secretaria Especial do Esporte, lançando um núcleo de alto rendimento em Ibiúna com investimento público de quase R$ 500 mil (CBBS, 2023). Esse tipo de colaboração deve continuar e se expandir.
Em resumo, políticas públicas devem criar um ambiente favorável, reduzindo custos, provendo infraestrutura básica e tornando o beisebol visível no sistema esportivo nacional.
Se o setor público é o motor inicial, a sustentabilidade de uma liga profissional virá do investimento privado. É necessário atrair empresas para patrocinarem equipes, competições e atletas. Um caminho natural é estreitar laços com empresas de países onde o beisebol é popular e que atuam no Brasil. Já existem precedentes, a Yakult, multinacional japonesa de bebidas, patrocinou a construção e manutenção do centro de treinamento de Ibiúna; a Yamaha, outro gigante japonês, apoiou a seleção doando equipamentos (CBBS, 2023). Outras empresas japonesas com presença no Brasil (Toyota, Honda, Nissan, por exemplo) podem ter interesse em associar suas marcas ao esporte, sobretudo visando o público nikkei e as regiões onde essas comunidades são fortes.
Da mesma forma, empresas americanas ou de origem latina (EUA, México, RD, etc.) instaladas aqui poderiam ver valor no patrocínio esportivo para melhorar relacionamento institucional. Além de patrocínios tradicionais, pode-se buscar mecenas esportivos, empresários brasileiros apaixonados por esporte que queiram investir no desenvolvimento de uma equipe ou liga. O caso do beisebol profissional na Itália (apesar da escala menor) mostra que empresas familiares sustentaram por anos clubes locais por identificação com o esporte (MLB, 2025). No Brasil, encontramos exemplos semelhantes no vôlei e basquete, onde empresas/indústrias regionais bancam times (vôlei de Cruzeiro com investimento da Sada, basquete de Franca com Magazine Luiza, etc.). Identificar potenciais parceiros assim para o beisebol seria estratégico.
Um fator que pode ser usado como trunfo é vender o beisebol como algo novo e de imagem positiva, um esporte ligado a valores de estratégia, paciência, trabalho em equipe e internacionalidade. Agregar a marca de uma empresa a essas virtudes pode ser interessante para setores como financeiro, tecnologia, educação e, claro, de material esportivo. Adicionalmente, há o nicho de mídia e entretenimento, plataformas de streaming esportivo emergentes, canais a cabo e produtores de conteúdo digital podem apoiar a modalidade em troca de conteúdo exclusivo ou direitos de transmissão a baixo custo inicial. Por exemplo, uma startup de streaming poderia transmitir um campeonato brasileiro experimental, atraindo fãs dedicados, e com o crescimento, ganhar audiência (MLB, 2025).
O envolvimento da MLB em si é outro vetor fundamental. A MLB já mostrou intenção de investir no Brasil, além do centro de treinamento, mantém olheiros e programas de desenvolvimento. Uma ideia seria negociar com a MLB a realização de um jogo de pré-temporada oficial no Brasil ou uma série amistosa entre times norte-americanos no país, semelhante ao que já fizeram na Inglaterra e Austrália (MLB, 2025). Um evento desse porte traria visibilidade enorme e possivelmente recursos (via venda de ingressos, turismo, patrocínios específicos).
Mesmo sem algo tão ambicioso, a parceria pode vir por meio de consultorias e capacitações, executivos da MLB poderiam auxiliar a CBBS a estruturar a liga, e ex-jogadores famosos podem vir promover clínicas e camps (já tivemos visitas de estrelas como Barry Larkin no ado, através do programa Elite Camp da MLB) (CBBS, 2023). Em síntese, a iniciativa privada deve ser cortejada com projetos bem elaborados, mostrando que há oportunidade de negócio e ganho de marca em apoiar o beisebol. O sucesso dependerá de oferecer contrapartidas, seja visibilidade, seja incentivos fiscais, mas sobretudo de construir confiança de que o esporte irá crescer no país. Transparência na gestão, planejamento e profissionalismo por parte da confederação e clubes serão essenciais para conquistar e manter esses parceiros.
3. Formação de base e desenvolvimento de talentos:
Nenhuma liga profissional sobrevive sem um fluxo contínuo de novos atletas qualificados. Portanto, investir na base é condição indispensável para a profissionalização. Isso a inicialmente por ampliar o o de crianças e jovens ao esporte. Projetos como o “TACOs nas Escolas” (hipotético nome inspirado no jogo de taco) poderiam introduzir versões simplificadas do beisebol nas aulas de educação física, para familiarizar os alunos com taco, bola e rebatidas de forma recreativa, despertando o interesse.
Paralelamente, é preciso fortalecer as categorias de base dos clubes federados, sub-12, sub-15, sub-18. Muitas das equipes tradicionais (como Gecebs, Nikkei, Cooper Clube etc.) já realizam um trabalho voluntarioso com crianças, mas carecem de estrutura. Apoiar essas iniciativas com materiais (cestas de bolas, equipamentos de proteção, uniformes) e, eventualmente, auxílio financeiro para viagens a campeonatos pode fazer muita diferença no engajamento e na retenção dos jovens (CBBS, 2023).
A CBBS, em convênio com estados, poderia criar campeonatos brasileiros juvenis mais abrangentes, cobrindo todas as regiões, para dar rodagem competitiva desde cedo. Outra estratégia é abrir escolinhas de beisebol em parques e centros esportivos nas capitais onde ainda não há tradição, por exemplo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Mesmo que o início seja tímido, plantar essas sementes pode revelar talentos em lugares inesperados. Vale lembrar que talentos esportivos muitas vezes estão espalhados além dos redutos usuais; descobrir um arremessador de 1,90 m de altura no Nordeste ou um rebatedor potente no Centro-Oeste só será possível se oferecermos a prática nesses locais (BRASIL, 2023).
O intercâmbio internacional também deve ser explorado, firmar convênios com universidades norte-americanas ou japonesas para conceder bolsas de estudo esportivas a jovens brasileiros pode garantir formação educacional e técnica de alto nível a nossos atletas, que depois podem retornar ao Brasil ou ascender profissionalmente no exterior. Da mesma forma, convidar técnicos estrangeiros para clínicas no Brasil ajudará a formar treinadores e melhorar nossa metodologia. Já houve ações do gênero, como o programa de capacitação de técnicos brasileiros com ajuda de profissionais venezuelanos e cubanos, e elas devem ser ampliadas (CBBS, 2023).
Um ponto crucial é tornar a carreira esportiva atrativa, conforme a perspectiva de profissionalização se concretizar (com possibilidade de renda no esporte), mais adolescentes escolherão continuar no beisebol em vez de migrar para outras profissões ao saírem do ensino médio. Durante essa transição, programas de atletas de alto rendimento (bolsas do governo para jovens talentos) podem ajudar a manter o atleta treinando enquanto não há clubes profissionais empregando (BRASIL, 2023).
Em síntese, a formação de base requer um ecossistema de desenvolvimento, com escolinhas alimentando clubes amadores fortes, que por sua vez servirão de base para times profissionais no futuro. Um sinal animador foi a oferta de 50 bolsas integrais no CT de Ibiúna para jovens de 13 a 17 anos, por meio da parceria CBBS-MLB. Essa iniciativa deve revelar uma nova geração de jogadores. Multiplicar projetos similares, por exemplo, centros regionais de treinamento no Nordeste ou no Sul, seria estratégico (CBBS, 2023; MLB, 2025).
4. Infraestrutura e logística:
Como já exposto, a infraestrutura é ponto nevrálgico. Para profissionalizar, será preciso construir ou adaptar instalações. Uma liga profissional demanda estádios com condições adequadas para jogo e público, campo bem cuidado, iluminação para jogos noturnos, placar, vestiários, capacidade para alguns milhares de espectadores, com segurança e conforto. Não é necessário começar com arenas enormes, mas alguns estádios de médio porte são importantes.
Uma ideia é aproveitar estruturas existentes, cidades que sediaram Copa do Mundo de futebol ou outras competições possuem centros esportivos ociosos que poderiam ser convertidos parcialmente para o beisebol. Por exemplo, o Estádio do Bom Retiro (Mie Nishi), em São Paulo, que já é referência, poderia receber investimento para melhorar arquibancada e iluminação. Em Londrina (PR), onde há um estádio com capacidade para cinco mil lugares, poderiam ser sediados eventos nacionais. Além disso, iniciativas como a anunciada no estado de Roraima, que planeja construir um campo de beisebol dentro do Parque Anauá, maior parque público da região Norte, devem ser apoiadas e replicadas, pois espalham a infraestrutura pelo país (BRASIL, 2024).
Outra possibilidade é estabelecer parcerias com times de futebol para uso compartilhado de instalações. Estádios de futebol geralmente comportam um campo de beisebol dentro das dimensões do gramado, embora sejam necessárias adaptações no piso (infield de areia) e no desenho. Houve um experimento no ado de montagem de um diamante de beisebol dentro do Estádio do Canindé (clube Portuguesa-SP) para sediar jogos do torneio Brasil Baseball League em 2012, uma tentativa embrionária de liga profissional. Apesar das dificuldades encontradas, a experiência mostrou que, com ajustes, é viável utilizar estádios multiuso (CBBS, 2013).
Nesse contexto, incentivos governamentais ou municipais podem estimular clubes de futebol a cederem espaços em determinadas datas para o beisebol, otimizando infraestruturas existentes.
Em paralelo aos campos de jogo, é importante investir em centros de treinamento regionais. O modelo de Ibiúna (CT Yakult) é excelente, mas concentrado no Sudeste. Poderia haver um CT no Nordeste (Recife ou Fortaleza), um no Centro-Oeste (Campo Grande ou Cuiabá) e outro no Sul (Paraná, Santa Catarina ou Rio Grande do Sul). Esses centros serviriam para treinos de seleções regionais, peneiras e clínicas, diminuindo custos de deslocamento e envolvendo mais gente localmente (CBBS, 2023).
A logística também deve ser pensada, para uma liga nacional, as viagens precisam ser viáveis financeiramente. Talvez, no início, fosse recomendado um formato regionalizado, com divisões por região e viagens curtas e, ao final, um torneio entre os campeões regionais. Isso reduziria a necessidade de deslocamentos longos frequentes, até que o esporte cresça e justifique voos regulares, como ocorre no futebol de elite (BRASIL, 2023).
Em termos de material, a infraestrutura inclui equipamentos esportivos íveis. Uma ação interessante seria articular com a Zona Franca de Manaus ou outras políticas de importação para reduzir impostos sobre equipamentos de beisebol enquanto não há fabricação nacional. Trazer contêineres de bolas, tacos e luvas a preços mais baixos ajudaria clubes e escolas a se equiparem. A longo prazo, pode-se tentar desenvolver fabricantes nacionais, por exemplo, já houve fábricas de tacos de madeira no Sul do Brasil, usando madeira local, porém de forma artesanal (SILVA; LIMA, 2020).
Resumindo, sem campos e equipamentos não há jogo; portanto, investimentos de capital em infraestrutura devem andar de mãos dadas com os investimentos humanos. É preciso planejamento estratégico, identificar prioridades, talvez começar reformando três ou quatro campos-chave para usá-los como “arenas” da liga, e perseguir recursos via governo e iniciativa privada para tal.
5. Marketing, comunicação e engajamento do público:
Por fim, mas não menos importante, a profissionalização do beisebol requer a construção de um público consumidor. Isso implica trabalhar fortemente a comunicação e o marketing do esporte. Inicialmente, é preciso tornar o beisebol visível. A recente conquista pan-americana foi um bom gancho, matérias em grandes portais (Globo Esporte, UOL etc.) deram destaque ao feito. Aproveitar essa janela e manter o esporte na mídia é fundamental. A CBBS e as federações podem produzir conteúdo jornalístico regularmente, releases sobre campeonatos nacionais, histórias de atletas, curiosidades, e enviá-los para redações, alimentando noticiários. Buscar espaço em programas de TV esportivos para explicar regras e tirar dúvidas do público também ajuda a quebrar o estranhamento que alguns têm com as regras do jogo (SILVA; MENDES, 2022).
Em paralelo, as redes sociais devem continuar atuantes e até intensificar suas ações, perfis no Instagram, TikTok e YouTube mostrando lances emocionantes, bastidores de treinos e perfis de jogadores (humanizando-os para que o público crie ídolos). A linguagem nesses canais pode ser descontraída para atrair os jovens, aproveitando trends (por exemplo, comparar a velocidade de arremesso com a de um saque de vôlei para dar contexto). Uma ideia a ser explorada é associar o beisebol a figuras populares brasileiras. Por exemplo, convidar ex-jogadores da seleção de futebol, sempre apaixonados por esportes, para experimentar rebatidas em eventos promocionais; ou trazer celebridades fãs de esportes americanos (há muitos artistas brasileiros que acompanham NBA, NFL e possivelmente MLB) para serem garotos-propaganda do beisebol no país. Esse tipo de endosso desperta a curiosidade de novos públicos (OLIVEIRA, 2023).
Também poderia haver sinergia com o softbol feminino, que é gerido pela mesma confederação e tem conquistado seu espaço (a seleção brasileira feminina de softbol tem títulos sul-americanos e participa de mundiais). Ao divulgar um, pode-se alavancar o outro e vice-versa, mostrando que há oportunidades para ambos os sexos e diferentes perfis físicos no esporte do bastão (CBBS, 2024).
Outra frente de comunicação é educativa, promover oficinas abertas ao público para ensinar as regras básicas, eventualmente utilizando o já citado jogo de taco como porta de entrada, pode desmontar a impressão de que o beisebol é complicado demais. Cidades como Campinas e São Paulo já tiveram eventos gratuitos com gaiolas de rebatida infláveis em parques, onde qualquer pessoa podia tentar rebater uma bola arremessada, como parte de ações promocionais. Tais eventos poderiam percorrer capitais e interior, literalmente levando o beisebol às pessoas (SANTOS, 2022).
Por fim, assim que houver um campeonato ou liga, mesmo que semi-profissional, a experiência do torcedor deve ser bem trabalhada, ingressos baratos ou gratuitos no início para atrair público, interação durante os jogos (musiquinhas, mascotes, quiçá adotando o humor e criatividade brasileiros nesse campo), venda de camisetas e bonés dos times para gerar identificação, etc. A ideia é criar uma comunidade de fãs onde hoje existe apenas um conjunto disperso de entusiastas. Engajar essa comunidade no processo, ouvi-la, deixá-la participar (por exemplo, concursos para escolher nomes de novos times, votação de jogadores para um jogo das estrelas) gera um senso de pertencimento que consolida a torcida mesmo nos inevitáveis momentos difíceis iniciais (MARTINS, 2023).
Em conjunto, essas ações em políticas públicas, parcerias, base, infraestrutura e marketing formam um plano robusto para tirar o beisebol brasileiro do amadorismo marginal e colocá-lo em trajetória de profissionalização. É claro que os obstáculos não desaparecerão de imediato, haverá necessidade de persistência, reajustes de rota e muita dedicação dos envolvidos. Contudo, diversas modalidades no Brasil já trilharam caminhos parecidos; o próprio vôlei, hoje tão vitorioso, era amador nos anos 1970 e só com políticas públicas (como a Lei das Bolsas) e investimentos de empresas (clubes patrocinados) se profissionalizou a ponto de gerar uma Superliga forte e campeões olímpicos (FERREIRA, 2018). O beisebol, guardadas as diferenças, pode seguir um roteiro análogo se houver planejamento e paixão.
Conclusão
Profissionalizar o beisebol brasileiro é um empreendimento ambicioso, mas repleto de potencial compensador. Ao longo deste artigo, analisamos como o esporte se encontra hoje no Brasil, mantido vivo por comunidades dedicadas e com lampejos de sucesso internacional, porém limitado pela falta de recursos e estrutura, e contrastamos essa realidade com exemplos globais de países que elevam o beisebol ao patamar de grande esporte nacional (OLIVEIRA, 2023; CBBS, 2024). Vimos que, onde há profissionalização, colhem-se frutos econômicos, sociais, esportivos e culturais de grande relevância (FERREIRA, 2018). Também discutimos um conjunto de estratégias que, integradas, podem pavimentar o caminho do beisebol brasileiro rumo a um futuro profissional.
Alguns pontos-chave emergem dessa reflexão. Primeiro, a importância da união de esforços, nenhum ator isolado consegue mudar o panorama; é preciso que governo, empresas, federação, clubes e comunidade trabalhem em sinergia. Políticas públicas favoráveis e investimento privado não são excludentes; ao contrário, se complementam e se potencializam (MARTINS, 2023). Segundo, a prioridade da formação de base, sem novos praticantes não há longo prazo; portanto, massificar o beisebol entre os jovens é tão importante quanto criar uma liga para os adultos (SANTOS, 2022). Terceiro, a força do exemplo internacional, as trajetórias de países como Japão, Coreia e República Dominicana mostram que perseverança e planejamento podem inserir o beisebol no tecido social e econômico, e o Brasil pode e deve adaptar essas lições, respeitando suas particularidades (SILVA; MENDES, 2022).
Por fim, destaca-se a visão de longo prazo, profissionalizar um esporte não acontece do dia para a noite. Haverá etapas, talvez tropeços iniciais, mas cada pequeno avanço, um novo campo inaugurado, um patrocinador que entra, um recorde de público batido em uma final nacional, deve ser celebrado como parte de um processo maior.
O que o Brasil ganha ao sonhar com um beisebol profissional? Ganha a chance de diversificar sua excelência esportiva, de gerar oportunidades a uma nova geração de atletas, de enriquecer sua cultura e até mesmo de obter retorno econômico e diplomático (afinal, esportes também são soft power, aproximam nações) (NUNES, 2020). Ganha, sobretudo, a possibilidade de contar mais histórias de superação e sucesso, como as dos jogadores que saíram de realidades humildes para brilhar nos campos internacionais, ou das famílias que por décadas mantiveram vivo um clube amador e finalmente o veem chegar à elite. Cada cidade que abraça o beisebol pode ganhar um novo motivo de orgulho local. Cada criança que pega um bastão pela primeira vez pode descobrir ali seu talento e seu futuro.
Em resumo, profissionalizar o beisebol brasileiro é um desafio complexo, mas repleto de ganhos potenciais para o país e para o esporte em si. Não se trata de substituir paixões nacionais consagradas como o futebol, e sim de somar mais um orgulho ao nosso panteão esportivo. O Brasil já mostrou ser uma nação capaz de abraçar esportes variados quando há engajamento, do vôlei ao skate, do judô ao surfe (FERREIRA, 2018). Com visão, investimento e dedicação, o beisebol pode ser o próximo da fila. E quando esse dia chegar, quando vermos estádios brasileiros com torcidas vibrando a cada home run, crianças brincando de taco sonhando em ser profissionais, e nosso país disputando de igual para igual com potências tradicionais, ficará claro que todo o esforço valeu a pena.
Que essa jornada seja logo iniciada, para que os ganhos aqui projetados se tornem realidade, beneficiando tanto o Brasil quanto o belíssimo esporte do beisebol.
Referências Bibliográficas
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